A tecnologia travou
O celular pifou
Parou assim do nada
Me deixou na mão
Foi-se embora
Sem deixar sinal
Assim como a namorada que fez doce
Igual mula na estrada, empacou
E logo na hora em que eu mais precisava, se foi
Não quer mais funcionar
Bater
Sacudir
Chacoalhar
Rezar
Pedir
Implorar
Nada de dar sinal
Tira bateria, assopra, põe no lugar... E nada de funcionar...
Resta à mandinga!
Ôuxe que com essa vai!
E lá se foi toda uma vida
Agenda telefônica em sua alma numérica para o limbo dos celulares...
Teletransportada pela morte da pane imediata e imprevisível
E que conste nos autos: Contra a minha vontade!
De um em um vão seguindo
Cada persona da agenda telefônica
Em fileirinha para não confundir o sistema
Que convenhamos... nem sempre é muito certo das idéias...
Porém, não menos organizado...
Ordem alfabética para manter o controle
Grita alto e em bom tom o Organizador Sistemático:
“Bem vindos ao limbo! Números decodificadores de seres humanos!”
Tumulto e confusão...
É o que se ouve ao chegar...
Um falatório danado
Entre vogais e consoantes... nomes e sobrenomes... números e apelidos...
acentos e hiatos... todos conversam entre si
O Gê, todo gordinho inventando de furar a fila
Só pra ver de perto o Pê, todo posudo na postura...
Empurra e vai... empurra e fica...
Fulana da letra Bê falando com sicrana da letra Agá
Fofoca não podia faltar...
Troca de segredos... fuxicos... confidências...
É claro que assim como os humanos...
Caracteres trocam informações entre si...
Números, letras, sinais...
Tudo para ser alcançado...
Onde quer que seja...Não importando o lugar...
O Limbo leva tempo para tudo arrumar...
BuRRocracia (des)necessária para o Portador do Celular
Consertar, Nota Fiscal, Garantia e com sorte... Muita sorte!
Um novo aparelho...
Há os que ali desistem na primeira meia hora, assim como
Há os persistem para não perder a hora... a agenda... a vida...
Qualquer mandinga desde que resolva logo... sem demora...
A Agenda Telefônica do Celular...
E apertando forte a tecla ON...
Fecho meus olhos e rezo... e peço...
Para o celular funcionar...
Ouço a musiquinha da entrada...
É quando a tecnologia é posta à toda prova...
O troca troca no Limbo se desfaz... um por um... em segundos..
Tudo volta ao seu normal...
Tudo volta à ordem alfabética inicial
Nomes, sobrenomes e apelidos...
A Beatriz “Bia”: ex- namorada
O Paulo “Paulinho”: amigão de infância
O Diniz, José Alonso: chefe do trabalho
A Genésia: empregada da casa
E não mais a Bê, o Pê, o Dê, a Gê
O destino volta ao seu devido lugar...
Mais uma vez para as mãos do homem que o tinha...
Até uma nova oportunidade...
Quando a pane tecnológica agir...
E novamente com os números da agenda sumir...
Auê.. abecedário...
Nunca há de mudar...
“A qualquer distância o outro te alcança.
Erudito som de batidão,
dia e noite céu de pé no chão o detalhe que o coração atenta”.
[Ao som de Maria Gadú – Tudo Diferente]
CrossOver:
Teleférico amarelo da cor azul ocre verde mar & UniKeVerSe...
Ainda vamos dar oq falar... =)
2 comentários:
"Ainda vamos dar o que falar..." =)
E esse foi só pra começar! (só pra rimar) rs
Nossa, gostei hein! =D
A gente só percebe como nossas vidas passaram a depender desses trecos quando eles pifam de uma vez.
Ressuscitou? Acho que vou pegar outra fila de 2h pra o meu essa semana, porque saiu com a tela rosa e voltou com ela piscando de vez em quando. Garantia expira em um mês e não tô a fim de esperar e pagar pra ver (literalmente).
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